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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Ela estava encostada na árvore, transpirando desespero e cuspindo lágrimas enquanto a última coisa que ela via dele era sua sombra, que a cada passo aumentava.
Ele que há uns minutos a inspirava pra escolher sua melhor roupa, a escurecer brilhantemente seus olhos e deixar seus lábios como de quem acabara de ser beijada, estava deixando-a.
Ela que por ele há dias sambava deitada, sentiria seu corpo frio nas noites e ficaria em silêncio sozinha.
Não diria nem escutaria palavras de amor, não daria amor, não teria amor, não faria amor, nem mesmo queria mais o amor.
O sentimento que a fazia escrever cartas poéticas, lhe derramar lágrimas de orgulho, sentir o perfume da mais escura flor, esse sentimento ela negava.
E enquanto ela passava as mãos pelos cabelos lembrava dele elogiando-o e sentindo o belo perfume do shampoo de bebê, aquele de cereja, o preferido.
Sua primavera virara outono, daqueles de flores e folhas bem secos.
Ela queria encolher aquela sombra, queria juntar com a dela e transformar em uma só novamente.
Ali, paralisada, ela gritava pra ela mesma que o fim havia chegado.
E ela que uma noite acreditou no 'para sempre' mesmo que sem o 'felizes'.
Tudo acabara ali, naquela grande sombra.
Mas é assim mesmo, acontece, um dia o fim chega.









Mesmo que só pra um dos lados.
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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O primeiro choro

Ela era uma mulher com menos de vinte anos. Acabara de dar fruto à uma aventura, o fruto foi indesejado.
Ela acabara de sair do quintal, estava em sua cama com o fruto ao lado.
Naquele momento, a sós, ela pensou o quanto aquele dia poderia ser diferente.
Olhava aqueles olhos ainda pouco abertos, aquela boca sem controle de saliva, aqueles dedos mexendo espontaneamente.
Ela sentia um certo desespero, tinha em sua frente uma responsabilidade.
Tinha condições financeiras de sustentá-lo, mas não bastava.
Ali estava alguém que acabara de ver a luz pela primeira vez, alguém que daria muito amor à ela, alguém que receberia, dela, muito amor, alguém que o mundo iria ter que receber de braços abertos ou não.
Era esse seu medo, os braços cruzados do mundo.
Não bastava o amor, a educação, o dinheiro, o escorregar nas ladeiras. Havia o mundo e, pior que isso, os braços.
Seria estranho entregá-lo assim, como um dia ela foi entregue.
De repente, ao olhar um instante para si, ouviu o som que mais a incomodou no mundo.
Não por ser agudo, mas por vim de onde veio.
Aquele som teve o poder de rasgá-la o peito com sua primeira nota.
Ela segurou o fruto nos braços, balançou da esquerda pra direita delicademente e deu-lhe o seio.
O som parou.
Era fome.
A primeira reclamação de fome. E de um dos vários tipos de fome que um ser sente.
A fome de viver mal havia começado e ele já estava reclamando por outra fome.
Naquele momento, na cama, com os seios de fora, com seu fruto preferido, ela percebeu o descruzar dos braços do mundo.
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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Fui feita pra viver de sonhos.
Não aqueles de se tornar uma pessoa famosa ou ganhar o prêmio recorde na loteria.
Mas aqueles que temos depois que fechamos os olhos.
É lá que eu queria estar na maior parte do dia.
Existem pessoas que eu só conheço neles e me orgulho disso.
Uma vez me falaram que os sonhos simbolizam o desejo.
Eis a explicação pra eu respirar quando eu acordo.
Gosto de sonhar, sonhos bons é claro.
Mas aquela aventura de correr e nunca chegar a lugar algum também me interessa.
Será que quando morremos continuamos sonhando?
Se sim, não terei problema nenhum com a morte, ela até será bem vinda (se for esse o caso).
Se não, prefiro o sacrifício de acordar todos os dias, desejar algo e tê-lo de maneira (in)esperada nos meus sonhos.
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domingo, 10 de outubro de 2010

Pode faltar luz agora, daqui a algumas horas vem o sol.
Pode o sol se esconder, as nuvens trarão gotas belíssimas vista da janela ou de outro ângulo perto do verde.
Pode faltar o beijo, existe o abraço.
Pode faltar o sorriso, existem as lágrimas.
Podem faltar os olhares, existem as palavras.
Pode faltar o silêncio, existe o latido.
Pode faltar o belo, existe o diferente.
Pode faltar o frio, existe o vento.
Pode faltar o físico, existe a mente.
Pode faltar a obrigação, existe o favor.
Podem faltar os segundos, existe o profundo.
Pode faltar o presente, existe a memória.

É clichê, mas a felicidade está sim nas coisas mais simples.
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sábado, 2 de outubro de 2010

Ai meu poeta, quanta falta me fazes.
Te escutar me alivia, te sinto bem aqui ao meu lado, com teus lábios perto do meu ouvido cantando tuas poesias...
Que vontade que eu tenho do impossível!
Não tenho nada pra me confortar quando eu lembro que nunca te tocarei fisicamente.
Até Chico eu tenho esperança de encontrar um dia, mas tu meu poeta, tu estas longe e perto ao mesmo tempo.
Como eu queria um dia poder olhar dentro dos teus olhos e declarar todo o meu amor.
Acho que é isso que me falta, todos os dias eu sinto falta de alguma coisa, agora já sei do que.
Me dói tanto saber que nunca cuspiremos na mesma bandeira, que nunca dividiremos o mesmo copo de uísque e nunca acenderei um cigarro em tua boca.
Mas eu te amo, é exatamente essa palavra pra ser usada, amor!
Chamem-me de louca, infantil ou qualquer outra coisa, mas eu sinto o que sinto.
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domingo, 22 de agosto de 2010

Sá Melo

Pode sentar, minha filha.
Quero um copo de água, tô com sede.
Nasci sozinha de dentro da minha mãe e quero morrer sozinha.
Me chamavam de doida lá em casa, mas se eu fosse mesmo doida eu rasgava dinheiro e comia merda.
O pai do meu filho não reclamava.
Que horas são minha senhora?
Já?
Meu pai grava.
Ele tem uma banquinha lá na 18.
Ele faz relógio, pulseira, ele grava lá.
Oooolha, lindo ele, qual é o nome?
É hein?
Ooooolha.
Meu pai enchia de chifre minha finada mãe.
Mãe é mãe, mas quando fecha os olhos.
Ele queria que eu casasse com um lá, ele fumava maconha.
Eu hein, Deus me livre.
A senhora sabe aquele colégio que a gente passou ali na praça da bandeira?
Bonito aquele colégio né?
Aquelas moças são bonitas.
Melhor do que esse aqui.
Tem até um cara que eu tomo vitamina lá, o irmão do...
Olha, bonito esse colégio também.
Meus irmãos levavam maconha pra dentro de casa.
Depois desse mês no outra já é o círio daqui né?
O círio de nazaré.
A senhora vai descer em São Braz?
O que é isso?
Que susto.
Eu tô com sede, quero água.
Eles quebraram até uma vassoura na minha cabeça.
Só porque eu fui na geladeira pegar água pra mim beber.
Pra eles eu quero só Deus e o diabo pros outros.
Eu vou descer aqui.
Papão, leão, maconheirão igual meus irmão.
Meu pai chifrudão.
Quero um copo de água, tô com sede.
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terça-feira, 27 de julho de 2010

Hoje eu subi minhas escadas pela última vez como minhas.
Não são mais, só que hoje foi a despedida.
Tantas vezes eu reclamei daqueles degraus que tanto já me salvou.
A demora pra descer não era nem metade da demora pra subir.
Subia aquelas escadas com tanto prazer que quase tive vontade de gritar.
As luzes acendendo com o calor do meu corpo foi o que eu mais estranhei, por já ter descido milhares de vezes aquelas escadas no escuro.
Aquelas escadas já me serviram como esconderijo e abrigo algumas vezes.
Já derramei lágrimas lá e as senti hoje enquanto ela olhavam pra mim me trazendo a lembrança de um tempo que nunca vou esquecer.
Quando quase cheguei ao topo, vi a outra escada que antes eu lutava pra subir e hoje subiria com a maior facilidade.
Chegando ao topo, havi uma luz bem forte e amarela.
Abri a velha porta e na cadeira estava meu velho.
O homem com as imperfeições mais terríveis e odiadas possíveis, as imperfeições, não ele.
O homem que mais tem a capacidade de me magoar e me fazer chorar por dias.
O homem por quem eu mais tenho sofrido.
O homem rico de solidão e pobre de entendimento.
O homem que deveria ser meu herói, mas não é.
O homem que jamais vai apoiar o meu futuro.
O homem que eu mais amo na face da terra.
Ao olhar pela janela daquela casa eu vi as minhas duas janelas preferidas.
As duas janelas que eu mais conversei durante anos.
Minha amizade com as janelas é a mesma, porém, distante.
Finalmente sai daquele lugar, que antes era meu, hoje não é.
Depois me despedi daquelas janelas e da porta daquela casa.
Voltei para as escadas.
Foi como se a cada degrau passado, uma parte de mim ficasse ali.
Desci como descia antigamente, quase correndo.
Deu pra ouvir as vozes lá em baixo falando: ''é ela!''
E realmente era eu.
Mas quando cheguei no final, não havia ninguém.
Foi o que mais me chocou.
Ao sair daquele lugar nostálgico, falei: ''tudo bem, daqui a pouco não vou nem lembrar.''
Mas falei pra confortar alguém, sei que nunca vou esquecer.
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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Não gosto de gente que diz ter opiniões 100% formadas. Chamo isso de hipocrisia.
Acho que é exatamente por isso que não gosto de mostrar minhas opiniões para todos, hoje elas podem ser certas pra mim, amanhã não.
Já ouvi várias vezes opiniões diferentes sobre um mesmo assunto da mesma pessoa.
Não quero falar que sou de tal maneira, porque senão teria que ser da mesma maneira pra sempre e, pra sempre é muito.
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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Um casal.

Sobre ela: é velha psicologicamente, porém nova na idade. Suas experiências amorosas não lhe ensinaram muito sobre a vida, não por terem sido poucas, mas por não durarem tempo suficiente para ensinar algo a alguém. A velhice psicológica dela vem dela mesmo, tem medo de viver, acha que quando faz alguma coisa que realmente a diverte, faz o errado. Sempre foi muito correta. Tem hora pra acordar, hora pra fazer a primeira refeição, hora da novela, hora de ler, hora de pensar, hora de sonhar. Aliás, sonhar é o que ela mais fez durante toda a sua vida. Mas o medo nunca a deixou escolher uma maneira para realizar.

Sobre ele: é alto, branco, cabelos médios e castanhos, usa barba e escuta samba. Escreve sobre seus pensamentos, todos sempre constantes. Igual a ela, experiências amorosas não eram seu ponto forte porém, ao contrário dela, foram poucas mas com tempo suficiente para lhe ensinar o que sabe sobre sentimentos. Não liga pro tempo, hora marcada só para ir ao médico e mesmo assim ou chega tarde demais, ou chega cedo demais. Não tem sonhos muito altos, são sob medida. E o medo não é algo que lhe prevaleça.

Ela sabe muito bem quem ele é, ele só não sabe disso.
Ele sabe muito bem quem ela é, ela só não sabe disso.
Mas um dia eles saberão (ou não).
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terça-feira, 1 de junho de 2010

Ele ficou tão próximo de mim que por poucos segundos pensei que eu seria a pessoa mais feliz do mundo.
Enquanto os segundos passavam, eu sentia sua respiração ir e vir lentamente; via os olhos que eu mais queria ver de perto naquele momento; senti meu coração bater tão aceleradamente. Mas, naquele momento, não pensava em nada a não ser em implorá-lo para realizar meu desejo...e fiz isso com tanta força que cheguei a ficar rouca gritando, mesmo que calada.
Em seguida, ele virou de costas e foi em direção ao seu foco e, o foco, não era eu.
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sábado, 29 de maio de 2010

Eu tenho uma vida diferente da que tenho.
Sim, é isso mesmo.
Eu acordo todos os dias, vou para o mesmo lugar todas as manhãs, tardes e noites.
Porém, às vezes quando eu acordo, continuo dormindo.

Ao ir para o lugar nas manhãs, eu sonho no caminho.
Sonho que estou em outro lugar, com outras pessoas, ou com uma pessoa só.
Sonho que minha noite foi a mais divertida de todas e que nas manhãs seguintes, estou pronta pra uma nova aventura, um novo lugar, com novas pessoas ou, com uma pessoa só.

Ao ir para o lugar nas tardes, eu imagino como foi a minha manhã.
E pra mim, ela sempre foi diferente de como realmente foi.
Pra mim ela foi cheia de cores, cheia de lugares, histórias, fotografias, lembranças, conversas, pessoas e cafés.

E quando vou para o lugar nas noites, eu imagino como foi a minha tarde.
Cheia de cultura, de personagens, de músicas, danças, filmes, livros, poemas e críticas bem postas.
Imagino que no final da tarde eu estava apenas com uma pessoa, que nossa conversa durou horas mas que pareceu segundos.

Quando finalmente não tenho mais tempo pra pensar, volto a dormir de verdade pra na manhã seguinte continuar a dormir depois de acordada.
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quarta-feira, 19 de maio de 2010

O diário de uma vida incompleta.

Eu hoje peguei uma mochila, coloquei minhas piores roupas, deixei a maquiagem fora e fiz uma longa viagem ao meu passado.
Nele encontrei uma manhã de sol, diferente da de hoje, encontrei um amigo que só me fez rir e longos exercícios teatrais que me fazem efeito hoje.
No meu passado também encontrei um frio na barriga que já havia sentido antes, encontrei palavras confusas e uma voz desafinada que pra minha sorte eu fui a única a escutá-la.
Econtrei dois rapazes nada sóbrios que me fizeram gargalhar um dia depois, ao lembrar de quem fui naquela noite.
Vi o tempo, só o vi, porque senti-lo foi impossível. Ele passou por mim com uma velocidade estúpidamente alta.
Vi-me sentada em uma cadeira, sem falar nada, só o sentindo (ele, não o tempo).
Foi a primeira vez (e única até agora) que me senti querida daquele jeito.
E quando o vi pela primeira vez, aaaaaaah, isso foi tão surpreendente.
Tocar seus cabelos um pouco depois foi o mais surpreendente do que vê-lo pela primeira vez.
Aí eu senti meu coração bater em uma rapidez até então desconhecida, era quando uma simples palavras era dita, quando um simples gesto o congelava e o queimava ao mesmo tempo e frequentemente.

Era até ai que eu queria chegar, então eu voltei com a minha mochila.
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segunda-feira, 17 de maio de 2010

Outro dia, no elevador, disseram: ''ela tá indo pra casa dela!"
E pela primeira vez caiu a ficha de que não estava indo pra casa, ainda.
Neste lugar há uma cama, uma tv, e tudo mais que gostaria de ter em casa.
Mas de fato, não me sinto em casa.
O meu corpo habita um lugar.
O meu coração, um lugar totalmente diferente.
Hoje eu sei que meu coração e meu habitam lugares diferentes, onde a felicidade é dividida, mas não igualmente.
Eu sei onde se encontra a maior porção.
E não é onde se encontra meu corpo.
Eu, definitivamente, não estou em casa.
E no dia que meu corpo encontrar meu coração, minha felicidade se tornará única.
Única e grande, imensa.
Que nem a saudade vai conseguir destruir.
Um dia eu ainda vou pra casa encontrar meu coração.
Eu sei que ele me espera com uma placa dizendo: seja bem-vinda em casa, aqui é seu lugar.
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domingo, 9 de maio de 2010

Hoje não me importa o que passou.
Não importa se as noites quentes que pensei em passar não passarão.
Não importa se ontem meu coração gritava pelo teu nome e tu escutavas. Hoje meu coração se prende quando vê que teus olhos brilham e não é por mim.
Não importa se eu escutei lamentos alheios enquanto os meus lamentos só eram escutados por eles mesmos.
Hoje leio as tuas palavras e apenas leio.
Não quero mais senti-las.
E não sinto.
Apenas quero me ver aqui, assim, desabafando por letras pra mim mesma.
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quarta-feira, 5 de maio de 2010

Eu sinto que perdi alguém que nunca tive.
É estranho, mas sinto como se o vento, agora, fosse apenas o vento.
Meu sentimento nunca revelado agora está voando por ai.
Joguei ele fora a exato 24 minutos.
E eu prometo que essa é última vez que eu falo sobre minhas asas.
O vento conseguiu arrancá-las de mim.
E no momento, eu sofro.
Mas daqui a um tempo, criarei mais cicatrizes.
Um lugar dentro de mim já está cicatrizado pelas mesmas feridas.
E agora não vai ser diferente.
Não tem porque ser.
Ou tem.
Adoraria poder falar que minha felicidade é igual a outra.
Mas não é, é totalmente o inverso.
Eu quero gritar, gritar tanto até minha voz falhar, até meu ar sumir totalmente.
Cansei das asas.
Cansei do vento.
Quero um abraço teu e um adeus.
Sinto-me abraçada, então agora, com lágrimas nos olhos e pedaços de mim espalhados por ai, eu digo: Adeus, minhas asas de fogo acabaram de ser alagadas.

''I'll never forget what took me out of bed
Made me sweat and will make me go back
I shut my eyes everytime it gets dark
Cause I hardly know, I hardly know what's
Love.''

Faço de suas palavras, as minhas.
Adeus.
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sexta-feira, 30 de abril de 2010

É incrível como uma simples nota pode causar tantas sensações em meu corpo.
Eu consigo diferenciar duas vozes similares somente com o arrepio dos meus braços.
No início confundi um pouco, mas meu coração logo percebeu a voz que tanto me faz sorrir.
E não importa a hora, se é cedo ou tarde, mas por mim ficar 24 horas ouvindo apenas esse trecho da música, o trecho em que tua voz suave e diferente da outra se encontra.
A voz que me faz sorrir sem perceber, que me faz fechar os olhos e te sentir.
Como muitas vezes repeti o som que eu escuto agora o resto da noite me pede pra repetir mais uma vez.
E com uma só nota;
uma só voz;
um só gesto;
uma só frase;
uma só pessoa, eu tenho sonhos, sons, música e asas.
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terça-feira, 20 de abril de 2010

Hoje eu li tuas novas palavras.
Li com uma esperança antiga de querer me ver nelas.
Mas nunca estou lá.
E sempre estas nas minhas.
Inclusive, nessas que escrevo agora.
De a à z.
Porque eu te quero e tenho uma esperança estúpida de ter um dia.
Mesmo sabendo que é quase cem por cento impossível.
Mas quando me alimentas sinto que sou tua.
E tu és meu, mesmo que não sejas.
Talvez isso tudo seja porque estou vazia há tempos.
Nem uma troca de olhar apaixonado.
Eu sei que me desconheces.
Mas eu te conheço mais do que meu eu mais próximo.

Ontem, no meu sonho, tu me olhavas.
Tu rias comigo.
Tu me apreciavas e me abraçava.
Tu estavas lá só pra me assistir.
Tu me conhecias?
Tu me conhecias!
Tu me conhecias.
Tu me conhecias...
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domingo, 18 de abril de 2010

Na minha rua há um homem.
Nesse homem há palavras.
Essas palavras são pra todos que passam por ele.
Não importa quem for ouvirá chingamento, elogios, piadas ou mentiras.
Apesar de eu achar pouco provável sair mentiras dele.
Ele nunca está sóbrio.
Esse homem um dia já teve amor.
Esse homem um dia já foi jovem.
E esse mesmo homem um dia já falou verdades sem estar bêbado.
Hoje ele não está na rua.
Há dias não o vejo.
Logo que me mudei o observava por minutos e era sempre a mesma coisa:
ele estava em pé, em frente ao bar, falando e algumas vezes até cantando.
Sempre vestia camiseta, bermuda e um sapato.
A vestimenta me lembra o meu pai.
O fato dele estar bêbado também.
Não que meu pai viva bêbado, mas é quase isso.
Não conheço a história desse homem.
Só sei que ele deve ter uma.
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sábado, 17 de abril de 2010

É estranho conhecer a distância.
Saber que o mundo é tão grande e tão pequeno ao mesmo tempo.
Saber que certos sentimentos não se importam em aparecer.
Eles simplesmente aparecem.
E são tão intensos quanto a distância que separa o real do irreal.
Conhecer certas possibilidades e saber que a maioria delas são impossíveis.
Reconhecer que pra ser feliz uma vez temos que passar por várias infelicidades.
Aceitar que nem todos são iguais e que pra rir como se fosse a última vez ter mesmo que ser a última vez.
Mesmo que não seja.
Saber que para receber aplausos que valham alguma coisa, temos que passar por vaias que não valem nada.
Saber que para ver a cortina se abrir, temos que ver ela se fechar inúmeras vezes.
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domingo, 11 de abril de 2010

Há minutos atrás estava em minha cama.
Eu e meu único sonho.
Único porque tenho tido o mesmo há dias.
Acordei e me levantei, preparei um café bem quente e sentei-me em frente á imensa janela que aqui está.
Onde há dias escrevia palavras e bebia uísque.
Lembro-me de acender um cigarro também, mas não tenho certeza.
Hoje estou sentada no chão mesmo, com as duas pernas dobradas formando um 'x' e com meus braços para segurá-las.
O café está aqui ao meu lado no chão, fumaçando.
Meu cabelo está preso e eu estou só.
Como muito já estive.
Não tenho planos para hoje.
Aliás, nem para amanhã.
Hoje não está chovendo, mas não está sol.
Acho que é cedo demais pra alguma demonstração de como será o dia hoje.
Ele começou há pouco tempo.
Ou será que ele está terminando?
Ultimamente não tenho muita certeza quando o dia começa e termina.
Só sei que acontece isso.
Não sei o porquê pra mim.
Nem sei como ou quando.
Sei que eu estou aqui.
Eu, minhas pernas formando um 'x', meus braços segurando-as e meu café, que não está mais fumaçando, mas ainda está lá.
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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Hoje o vento representa muito mais que ele próprio pra mim.
Eu apenas quero senti-lo.
Se der, eu roubo coisas dele.
Assim como eu sei que fazes também.
A gente rouba do vento.
O vento pra mim, agora, é mais do que palavras.
É um ser.
E aos poucos ele me traz montes.
Quando ele tá longe de mim é quando ele tá contigo.
O vento e as asas de fogo.
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domingo, 21 de março de 2010

A carta de hoje

''Caro companheiro,

Te vi de longe. Senti que precisavas de mim. Me aproximei e fiquei parece que por horas, porém, foram somente alguns segundos que somados nem daria um minuto.
Quando percebeste que eu era a única que estava ao teu lado quiseste disfarçar, não querias aceitar que ali, naquele momento eu era, novamente, a única que estava ao teu lado.
Eu gosto da tua companhia, tu já te acostumaste comigo, apesar de ainda não aceitares.
Só quero dizer que eu, somente eu, vou estar contigo nesses momentos, só eu vou te ver rir e chorar sem pensar em absolutamente nada e, quando não me tiveres mais, eu vou entender.

Ass: A tua única companhia, a solidão. ''




Sim, eu fui o destinatário.
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terça-feira, 16 de março de 2010

Baseado em outras palavras

Ouvi dizer que primavera cura tristeza.
Mas aqui nada muda.
Eu sempre fui daqui.
Nossa distância.
Se tu sentisses poderia mudar.
Mas não vais.

Aqui estou.
Não sei o que dizer então nada podes me prometer.
O rio não irá descansar.

O frio se aproxima agora.
É a noite.
Longe de nós e nem eu sei onde estas.
Caminhaste, e nem sabes por onde.
Nossa história nem começou.

''E tanto eu tenho pra dizer
Se eu só pudesse te olhar
E se tens em mim o teu revolver
Hei de te próprio disparar
Por onde é que andaras?''
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Ao som de uma bela melodia meus ouvidos tornam-se surdos para qualquer outro som que tenta se aproximar.
E é só tua voz que eu escuto.
Meus olhos cegos somente têm capacidade de te enxergar. E és tão forte que não consigo ver minha aparência no espelho.
É só teu rosto que eu vejo.
E não adianta falar, gritar ou qualquer outra forma de expressão.
Não conseguirás me escutar.
Não conseguirás me ver.




Mas eu estou aqui. Estou aqui.
Ainda.
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quinta-feira, 11 de março de 2010

Eu tenho tentado viver, tenho tentado sorrir e, às vezes, até consigo.
Mas é estranho pensar que poderia tá sorrindo todos os dias e vivendo intensamente cada segundo.
Tenho tentado fazer planos pros meus dias serem melhores, mas não consigo.
Sempre me vem alguma coisa que me lembre quem eu poderia estar sendo hoje, agora.
Eu, infelizmente e sinceramente, não tô fazendo a diferença.
Não pra mim.
Pros outros sim.
Porque afinal, quando eles precisam, eu tô aqui.
Não que eles não estejam pra mim.
Mas eu não estou.
Quando eles quiserem, eles sabem onde me encontrar.
Mas e quando eu me quiser?
Eu não sei onde estou, mas sei onde poderia estar.
Esses dias têm sido completamente inúteis pra mim.
E não vejo como mudar.
Aliás, vejo, mas se eu mudar posso prejudicar.
Não a mim, mas aos próximos.
Queria conseguir não pensar nos outros, dai eu com certeza estaria mais feliz.
Eu me encontraria pra mim.
Eu sorriria pra mim.
Eu viveria pra mim.
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sexta-feira, 5 de março de 2010

Palavras de um ser (in)existente.

São 5 horas da tarde.
Estou de frente para a grande janela da minha sala de estar.
Onde muito mesmo costumo estar.
Meu óculos escorrega com frequência pelo meu rosto.
Afinal, pra estar aqui preciso estar com a cabeça baixa.
Está chovendo lá fora.
Um cinzeiro com um cigarro se encontra ao lado das letras.
Não está aceso, nem pretendo acender.
Mas um copo com uísque e gelo pretendo tomar.
Cansei de cantar minhas desgraças.
Não acho mais graça.
Aliás, há um bom tempo que falo só por falar.
Sinto um vazio imenso dentro de mim.
Não sei o que faço aqui, mas aquele de força maior, por algum motivo, ainda faz com que eu acorde todos os dias.
Não tenho um motivo certo pra viver.
Ultimamente não tenho vivido, tenho apenas existido.
Isso faz diferença pra alguém?
Sei que já amei, já sofri, já ri e já chorei.
Mas hoje, agora, não tenho motivos pra nada disso.
Eu realmente nem sei se sou capaz de senti-los novamente.
Estou com milhares de dúvidas na minha cabeça, no meu coração, que não sei o porquê, mas ainda bate.
Talvez esteja na hora de tomar o meu copo de uísque.
E acho que no meio de tudo isso, acabei acendendo meu cigarro.
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quinta-feira, 4 de março de 2010

Eu procurei algo que perdi.
Ou melhor, não perdi se eu nunca tiver encontrado.
Tive conselhos para encontrar, tive ajuda pra procurar.
Mas eu sou a única que realmente está ainda procurando.
Diferente de todos, eu busco encontrar o que realmente ainda não achei.
Encontrei vestigios de alguém que ainda não encontrei.
Não sei o que sou, não sei quem sou.
Mas sei o que quero.
Eu busco em mim alguém que um dia espero encontrar.
Não sei como, não sei quando, não sei quem.
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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Ontem percebi a nossa realidade e percebi também que pra ter realidade é preciso ter ficção.
Pra ter liberdade é preciso haver a prisão.
Ainda não sei onde me encaixo.
Talvez viva uma realidade aprisionada, ou então uma ficção libertada?
Um ficção aprisionada, ou uma realidade libertada?
Acho que uma aprisionada liberdade em uma real ficção.
E essa ficção está apenas no início, um início sem fim (por enquanto).
E minha liberdade é limitada, porém no momento ela ainda não é mesmo liberdade.
Acho que liberdade pra mim é relativo, sou livre, mas vivo presa.
Tenho limites, o meu problema, é que ainda não consegui viver sem eles.
Mas um dia vou aprender, vou saber o que é ser livre.
E assim que eu souber, não vou querer saber da realidade mas somente da ficção, porque lá não há limites e é isso que eu procuro.
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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Cansei de me lamentar pelo que não tenho. Cansei de tentar aceitar o que eu tenho.
Sinceramente, cansei de ser feliz na minha vida falsa.
Tentarei não aceitar mais essa vida, e não ter mais essas pessoas próximas a mim.
Não me importa se não falo coisas bonitas, quero apenas falar coisas.
Já que eu não tenho o que quero nem sou o que quero, vou tentar chegar o mais perto de ser, porque ter já não depende só de mim.
No dia que meus sonhos foram destruidos, pensei em destruir quem os sonha também.
Mas não os destruí, eles são indestrutiveis.
E quem os sonha também.
Tá na hora de reforça-los.
E reforçar quem sonha também.
Oi, sou um novo sonhador!
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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Dois dias atrás conseguiram cessar minhas lágrimas, apesar de algumas ainda terem fugido da barreira de pensamento e vontade.
E agora tão querendo fugir de novo, mas ele não vai deixar.
É como se ao mesmo tempo que as coisas dão errado, elas dão certo também.
Apenas palavras bastaram.
Eu sei que consigo me controlar, mas ele me controla mais ainda.
Eles.
E não importa que eles não estejam aqui, eles estão.
Eu vejo.
Eu sinto.
Ontem quando o vento passou por mim, o mesmo que abriu a porta devagar, ele deu um beijo em minha testa. Ele me falou pra não desistir.
Me falou que ''a vida já é triste o bastante pra deixar o baixo-astral tomar conta.''
E realmente é.
Por mais que eu tenha todos os motivos suficientes pra deixar de ser forte.
Mas não deixo.
Ele não deixa.
E ele sabe, por isso há dois dias atrás ele cantou pra mim, ele me contou que não podia ficar assim.
Eu realmente não tenho mais minhas forças.
E sim as dele.
É por esse pensamento que tô aqui.
Porque ele é forte, ele ri, ele me levanta e me faz andar.
E os passos que estavam lá pra eu seguir, continuam lá.
E um dia eu vou segui-los!
Só tô indo por um caminho maior.
Porque ele sempre gostou de complicar.
Mas ele tá me guiando, e eu? Eu confio nele!
Ele?
Ora, adora ser exagerado!
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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Em um ontem bem distante, enquanto eu respirava livremente, sem fazer força pra sugar a felicidade, eu não pensava na manhã de hoje.
Agora eu respiro o medo e tento aspirar a esperança.
Pra mim a esperança não é a última que morre, mas sim eu.
Ela em mim já morreu há dias.
Não sei se ela ressucitará, mas hoje ela tá enterrada.
Queria ser a mesma de ontem, que se fortalecia pelas derrotas.
Mas agora tô frágil, não tenho forças pra levantar a cabeça e os passos que eu seguiria em frente continuam lá, enquanto eu recuo com uma velocidade maior do que a que eu prossegui.
E as forças ao meu redor não conseguem me alcançar.
Em alguns momentos eu preferia nem acordar.
E esses alguns estão aumentando a cada segundo.
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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

E agora minhas lágrimas caem e, eu já nem as sinto.
Gritar não adianta, por isso eu me calo.
O futuro que eu vi como algumas pessoas viram já nem existe.
Minhas palavras hoje não fazem diferença pra mim. Nem pra nimguém.
Nesse instante a inveja me consome, assim como meus sonhos me consumiram um dia.
As minhas palavras de ontem foram jogadas fora e junto o pouco de fé que eu ainda tinha.
O que mais quero agora é que todos se calem, como eu.
''Todos meus amigos querem morrer'' - acreditem, sou uma grande amiga minha.
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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Continuo a escrever em um verdadeiro diário acontecimentos sobre uma vida falsa.
Onde o correto se torna errado e o errado permanece.
Onde o ódio se torna amor e o amor permanece.
Onde a diferença de raças e sexo é ausente.
Não quero que essa vida chegue no fim.
Mas o que me alimenta já não tem sido mais depositado.
E o que é música pros meus ouvidos já está quase mudo.
O meu único sustento nesse momento são apenas mãos.
E espero que elas não queimem até eu conseguir aprender a andar.
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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Ontem senti um desespero que hoje só aumentou.
É como se a cada segundo eu bebesse doses do mesmo sentimento.
Talvez daqui a umas horas minha cabeça esteja rodando a ponto de ver cores e formatos inexistentes que sejam formados por um sentimento que até então eu também pensava que inexistia.
Não acho que as pessoas sintam o que sinto, não por elas não sentirem mas, por não sentirem que eu sinto.
Pra mim uma dose de loucura, suor e muitas mãos resolveria meu desespero, ou aumentaria.
Mas só eu que sei o que acabaria com tal sentimento que tanto me atormenta.
Y también sabe...
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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Por que do talvez?

Talvez o que existe dentro de cada um não exista de verdade.
Porque a vida um dia acaba e aquilo que existe dentro de cada um (ou não), permanece.
Talvez o passado não seja mesmo passado porque algumas coisas, pra mim, ainda nem realmente passaram.
Porque a vida um dia acaba e aquilo que passou (ou não), simplesmente passou.
Talvez o meu sorriso não seja o mesmo que o teu.
Porque a vida um dia acaba e o meu motivo de rir (ou não), nem existe.
Talvez as pessoas, diferente do que sabemos, sejam animais irracionais.
Porque a vida um dia acaba e pensando (ou não) bem, quem a acaba somos nós.
Talvez o mar que não vemos seja mais bonito e infinito.
Porque a vida um dia acaba e o nosso mar (ou não) seja as nossas próprias lágrimas.
Talvez o céu nem seja azul.
Porque a vida um dia acaba e o céu que vemos e sentimos (ou não) sempre foi coberto por negras nuvens.
Talvez minhas palavras nem sejam significativas.
Porque a vida um dia acaba e essas mesmas palavras (ou não) sejam apenas meus pensamentos.
Talvez a vida nem seja realmente vida e sim sonhos.
Porque a vida um dia acaba (ou não).
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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Ao ilegível,

Cheguei a conclusão que não quero mesmo que te descubram.
Quero primeiro me entender e fazer que tu tenhas significados somente para mim.
Os outros vão tirar suas conclusões, vão pensar o que quiser de ti.
Mas essas palavras que eu escrevo, para mim basta.
Não escrevo para os outro lerem, não escrevo pra tu leres.
Escrevo porque te coloco nas palavras.
Escrevo porque quero reler minhas palavras e te ver inteiramente nelas.
Já me deste consequências suficiente para entender que eu não te entendo.
Minhas palavras te ocupam e meus pensamentos ocupam somente a mim.
E quem sou eu quando estas comigo?



Ao amor.
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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Te escrevo com o pensamento.
Peço-te que me liberte desse sentimento agoniante, peço que tu me consumas com todas tuas forças.
Segure-me em teus braços e me beije.
Faça-me entender o que é real e o que não é.
Faça-me te declarar.
Faça-me saber quem realmente és.
Crie-me novamente pois hoje sou sua.
Eu arranquei com as unhas meu coração e te entreguei em um suspiro.
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sábado, 2 de janeiro de 2010

Segundo dia do ano.
Incrível acordar do teu lado como há muito tempo não acontecia.
Sentir teu calor.
Dizer 'boa-noite!'
Dizer 'bom-dia!'
Os risos.
As melhores conversas.
As dúvidas.
Obrigada por não me deixar desistir.
Obrigada pela esperança.
Obrigada, muito obrigada vida.
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