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quarta-feira, 16 de julho de 2014

Entre cabelos e olhos em sonhos

Entre mugidos, gemidos e multidões te encontrei.
Nossas mãos entrelaçaram e corremos por um corredor infinito de vidas.
E a vida nos acompanhava, acampada esperando a hora de sair e nos impedir mesmo de viver.
Éramos simples, éramos únicos, éramos felizes.
Saudávamos quem nos buscava amparar, carregávamos uns aos outros como quem carrega o amanhã.
E a vida, de verdade, era essa.
De ponta a ponta, de sopro em sopro, livre, leve e solta, como o amor desimpedido e reconhecido.
Nossos cabelos se trançavam nos unindo, nos gemidos, nas peles, no olho do amor.
Não buscávamos, não queríamos, não seríamos, éramos.
Éramos nós, o amor, e a vida desvivida, desbravada, superada.
Com medo, orgulhos e preconceitos distintos e inofensivos respirávamos a nossa fala.
Gritávamos segredos desvendando a pele.
Transpirávamos desespero de querer mais desviver.
Mergulhávamos em rios, lagos e igarapés querendo sê-los.
E éramos.
Desvividos, despidos de restrições, assim como não sou e és.


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terça-feira, 15 de julho de 2014

Sem ele

É triste quando dói.
Quando as lágrimas escorrem, parecem quentes, e a dor não é física.

O corpo pede abrigo, e o amor destrói.
Engraçado quanto dói.

Parece que as mãos ficam vazias e perdemos levemente nossos movimentos.
Ele não acaba assim.
Ele, o amor.
Mas dói.
Dói porque é a única ferida que temos e que parece ser impossível de curar.
Às vezes amputar o amor seria uma boa ideia.
Engraçado estar eu sofrendo de amor.
Engraçado sim.
Porque a única certeza que eu tenho, fora a morte, é ele.
E dói.
Nunca imaginei que a certeza doesse tanto.
E agarro ele como nunca agarrei nada e nem ninguém na vida.
Porque ele a é (além da morte).
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''Confia em mim.''
Na primeira vez que ele falou essa frase ela não ouviu, e ao repetir ela ficou na dúvida se deveria ou não confiar em alguém que tinha acabado de conhecer.
Sentiu os lábios daquele homem encostarem em seus seios com uma delicadeza que transmitia uma imensa confiança.
A partir dai nada mais importava.
E ali só se encontravam os dois, enquanto seus lábios se tocavam, nem eles mais existiam.

Era a primeira vez que ela se entregava para alguém.
Seu corpo nu sempre fora censurado por ninguém mais, ninguém menos, que ela mesma.
A magreza era um vício lacrado em sua cabeça.
Os ossos praticamente aparentes lhe impediam de viver.

Já tinha idade para o prazer próprio, mas se limitava. A excitação, pensava ela, nada tem a ver com o coração.
Nunca haviam lhe dito que seu prazer não era permitido. Mas era como se na hora suas mãos estivessem amarradas e presas na sua própria liberdade.

Depois do primeiro beijo, um dos mais longos que havia dado, entregou-se a alguém que nem sabia a idade. Não haviam muitas pessoas no local, e os poucos que haviam não lembrariam de nada no dia seguinte, então ela não via problema em se dar prazer. Ao menos uma vez.

E entregou seus lábios e seios naquele dia. E, depois disso, só se entregara novamente alguns anos depois, quando, finalmente, entregou também sua liberdade para outro alguém.

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