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domingo, 22 de agosto de 2010

Sá Melo

Pode sentar, minha filha.
Quero um copo de água, tô com sede.
Nasci sozinha de dentro da minha mãe e quero morrer sozinha.
Me chamavam de doida lá em casa, mas se eu fosse mesmo doida eu rasgava dinheiro e comia merda.
O pai do meu filho não reclamava.
Que horas são minha senhora?
Já?
Meu pai grava.
Ele tem uma banquinha lá na 18.
Ele faz relógio, pulseira, ele grava lá.
Oooolha, lindo ele, qual é o nome?
É hein?
Ooooolha.
Meu pai enchia de chifre minha finada mãe.
Mãe é mãe, mas quando fecha os olhos.
Ele queria que eu casasse com um lá, ele fumava maconha.
Eu hein, Deus me livre.
A senhora sabe aquele colégio que a gente passou ali na praça da bandeira?
Bonito aquele colégio né?
Aquelas moças são bonitas.
Melhor do que esse aqui.
Tem até um cara que eu tomo vitamina lá, o irmão do...
Olha, bonito esse colégio também.
Meus irmãos levavam maconha pra dentro de casa.
Depois desse mês no outra já é o círio daqui né?
O círio de nazaré.
A senhora vai descer em São Braz?
O que é isso?
Que susto.
Eu tô com sede, quero água.
Eles quebraram até uma vassoura na minha cabeça.
Só porque eu fui na geladeira pegar água pra mim beber.
Pra eles eu quero só Deus e o diabo pros outros.
Eu vou descer aqui.
Papão, leão, maconheirão igual meus irmão.
Meu pai chifrudão.
Quero um copo de água, tô com sede.
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