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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Ela estava encostada na árvore, transpirando desespero e cuspindo lágrimas enquanto a última coisa que ela via dele era sua sombra, que a cada passo aumentava.
Ele que há uns minutos a inspirava pra escolher sua melhor roupa, a escurecer brilhantemente seus olhos e deixar seus lábios como de quem acabara de ser beijada, estava deixando-a.
Ela que por ele há dias sambava deitada, sentiria seu corpo frio nas noites e ficaria em silêncio sozinha.
Não diria nem escutaria palavras de amor, não daria amor, não teria amor, não faria amor, nem mesmo queria mais o amor.
O sentimento que a fazia escrever cartas poéticas, lhe derramar lágrimas de orgulho, sentir o perfume da mais escura flor, esse sentimento ela negava.
E enquanto ela passava as mãos pelos cabelos lembrava dele elogiando-o e sentindo o belo perfume do shampoo de bebê, aquele de cereja, o preferido.
Sua primavera virara outono, daqueles de flores e folhas bem secos.
Ela queria encolher aquela sombra, queria juntar com a dela e transformar em uma só novamente.
Ali, paralisada, ela gritava pra ela mesma que o fim havia chegado.
E ela que uma noite acreditou no 'para sempre' mesmo que sem o 'felizes'.
Tudo acabara ali, naquela grande sombra.
Mas é assim mesmo, acontece, um dia o fim chega.









Mesmo que só pra um dos lados.
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