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quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Sobre intimidade

Ana sempre teve um troço com mãos.
A primeira vez que as mãos de um rapaz tocaram seus seios ela guardou na memória.
A primeira vez que as mãos dela se entrelaçaram com a do homem que ela julga ser o homem da sua vida, ela lembra: garoava em São Paulo, no meio da Avenida Paulista e eles se dirigiam em direção a um carro.
Ela lembra também do quanto suas mãos a fazem lembrar de estar e ser, no presente.
E em meio a tantos toques de mãos, entrelaçadas de dedos, texturas, ela ainda julga o troço com as mãos ser mais íntimo que o próprio sexo.
É porque esse toque vai além. Não é só o toque, é a segurança, é a textura, o calor e o suor que algumas mãos tem.
É com as mãos que se tem o prazer individual, particular, íntimo.
Não importa unhas bem serradas, pintadas ou mãos macias. O que importa é o troço que dá.
A intimidade das mãos pra Ana é tanta que ela esquece de olhar os olhos e acreditar na palavra.
O toque tá aqui, na palma.
Nem sempre o carinho é tão suave, o que diz muito desse acolher.
E o quanto esse troço engana. Essas mãos que tocam e passam segurança e que, de repente, tocam outros corpos.
E ainda assim, as mãos, para Ana, são mais íntimas que o sexo.
Será que ela já experimentou entrelaçar os próprios dedos? 
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